sábado, 11 de abril de 2009

Entrevista com Professor José Roberto de Souza Andrade

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O acordo ortográfico e suas entre linhas.


O acordo ortográfico entre países que falam a língua portuguesa, nos quais fazem parte Angola, Brasil, Timor-Leste, Cabo-Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, vigorado aqui no Brasil em 01/01/2009, gera polêmica e dúvidas com relação às mudanças.

A reforma foi criada, segundo o site da Comunidade de países que falam a língua Portuguesa (CPLP) para unificar o português escrito. Propiciando a sua integração.

Em entrevista concedida no dia 27/03, o Professor José Roberto, 46 anos, formado pela Faculdade de São Paulo (USP) Mestre em letras, ressalta alguns aspectos importantes desta reforma.



O acordo ortográfico entre paises que falam a língua portuguesa realmente foi necessário?

Depende o que se chama de necessidade, se a necessidade era unificar a grafia da língua portuguesa, me parece que foi necessário, assim não será mais preciso adaptar ortográficamente os livros editados em países diferentes, isso é importante. Agora, se você pensar em necessidades de modificações na ortografia, talvez essa reforma tenha sido um pouco tímida. Porém de qualquer maneira ela existe e agitou o mercado editorial.

Este acordo foi benéfico?

Sim, pois não há mais necessidade de se fazer uma adaptação ortográfica de um livro editado em Portugal aqui no Brasil, ou daqui para Cabo-Verde, beneficia os trabalhadores da língua portuguesa, editores, revisores, escritores e os professores que aplicam esta disciplina, pois de alguma maneira suas vidas ficaram um pouco mais agitadas (risos), sempre perguntam sobre a reforma.

Acredita que deveria haver mudanças substanciais?

Essa reforma é uma reforma tímida, de qualquer maneira é uma reforma. Eu não sei exatamente qual a profundidade que ela deveria assumir, qual a dimensão que deveria ter, mais é um passo para que aja uma integração entre os países que utilizam o português como idioma.

Aposta então na integração?

Eu entendo que sim. A língua de alguma maneira é uma espécie de esteio, de ponto de encontro entre todos os estes países. Esta discussão a respeito da unidade ortográfica é produtiva este sentido, se não aproxima na política ou na economia, aproxima de alguma forma na ortografia, o que já é positivo. Embora existam muitas diferenças no campo da história, das influências, dos grupos políticos e étnicos.

Há interesses políticos?

Sempre há, são mais de 200 milhões de falantes da língua portuguesa, a unidade é interessante política e economicamente.

Quais são os pontos positivos e os negativos desta reforma?

O ponto positivo desta reforma é que de certa forma aproxima, começa pela língua, porém pode abranger outros campos.

O Negativo seria na adaptação, pois quando você tem este tipo de modificação, causa sérios problemas pra quem é usuário da língua, pois de alguma maneira terá que reaprender, e é claro que isto causa transtornos.

Já utiliza a nova regra em suas aulas ?

Sim, embora não tenha decorado todas as novas regras (risos). É bom começar a usar logo, desta forma você se acostuma, eu prefiro pensar que devo utilizar agora, assim em 2012, quando a regra obrigatoriamente terá que ser cumprida, eu já saberei tudo.

E os dicionários quanto tempo levarão para se adequarem?

Alguns já estão em fase de adaptação. A Academia Brasileira de Letras lançou o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) com as novas regras.

O senhor orienta seus alunos a utilizarem à nova regra?

Sim, distribuo material com as novas regras. A Editora Melhoramentos lançou em pdf um guia com as principais modificações que disponibilizei na internet, eu mesmo uso este material e recomendo.

O Brasil foi prejudicado de alguma forma?

A comunidade de países de língua portuguesa (CPLP) assinou cláusula que de que se três países aprovassem a reforma ela valeria. São regras e todos tinham conhecimento, se dissermos que estes países foram prejudicados afirmaríamos sua ingenuidade, o que não foi o caso. O Brasil, que é o país com mais falantes da língua portuguesa não cometeria tal erro.

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